
Em uma iniciativa conjunta pioneira com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), os municípios de Serra, Anchieta e Montanha assinaram nesta quarta-feira (30) termo de adesão para integrar projeto-piloto com objetivo de receber apoio na estruturação de um sistema municipal de monitoramento e avaliação de políticas públicas, conduzido pela Corte de Contas. Até o momento, pouquíssimos municípios do Brasil já têm a sistemática implementada.
A iniciativa é uma das ações resultantes do convênio do TCE-ES com a FGV, realizado em 2024. O projeto vai viabilizar um acompanhamento técnico mais próximo e aprofundado aos três municípios participantes.
Os municípios selecionados vão receber uma assessoria técnica do Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para a África Lusófona e o Brasil (FGV CLEAR) para fazer a estruturação de sistemáticas municipais de monitoramento e avaliação de políticas públicas. Eles foram escolhidos a partir de critérios técnicos que vêm sendo observados pelo TCE-ES em trabalhos realizados pela Corte e, também, por conta do desempenho e engajamento de suas equipes durante a participação no curso de “Gestão Pública com Base em Evidências”, realizado pelo TCE-ES no último mês de junho.
A assinatura do termo foi realizada na Presidência do TCE-ES, com a presença dos prefeitos e representantes dos três municípios. O presidente da Corte, Domingos Taufner, ressaltou que o trabalho representa uma iniciativa estratégica que poderá beneficiar o município diretamente, além de contribuir como referência para futuras ações em todo o Estado.
“O projeto-piloto oferece uma oportunidade concreta de avanço, por meio do desenvolvimento colaborativo de diagnósticos, oficinas técnicas e da construção de uma proposta de política municipal voltada à institucionalização do monitoramento e da avaliação”, destacou.
Ele também pontuou que os municípios aderentes estão se posicionando na vanguarda do esforço por uma administração pública orientada pelas melhores evidências disponíveis, promovendo a qualificação da tomada de decisão, o aprimoramento dos serviços públicos e o fortalecimento da gestão voltada a resultados.
Também estiveram na reunião os conselheiros Luiz Carlos Ciciliotti, Sérgio Aboudib e Rodrigo Chamoun, como também o secretário-geral de Controle Externo Alex Binda e o auditor e coordenador da SecexSocial, Rodrigo Reis.
Sistematização
Também representando o tribunal, a secretária de controle externo de Políticas Públicas e Sociais, Cláudia Mattiello, relembrou que o tribunal vem aperfeiçoando o trabalho de avaliação de políticas públicas desde 2020, com a criação de uma secretaria exclusiva para o tema, para mudar o olhar do controle externo. Assim, continua realizando o controle da conformidade e da legalidade, mas também fiscaliza-se o desempenho e resultado das políticas públicas.
“A assinatura desse termo faz parte desse esforço contínuo, que também deu um importante passo em 2024 na consolidação dessa cultura do monitoramento e avaliação das políticas públicas, quando assinamos o convênio com a FGV. Nosso Estado foi pioneiro a instituir uma sistemática de monitoramento de avaliação de políticas públicas, e agora vocês serão os três primeiros municípios a participar para também construir suas sistemáticas de avaliação, contando com o apoio técnico da FGV, individualizado”, explicou a secretária.
Em seguida, o diretor-presidente do FGV Clear, André Portela, comentou sobre a importância desse momento simbólico, após o Espírito Santo ter sido o primeiro a criar formalmente um sistema de monitoramento e avaliação.
“Esse pioneirismo do Estado serviu de exemplo para os outros do Brasil. A partir dessa experiência, já se aprendeu muito com ela e outros Estados estão seguindo o caminho de vocês. Seguindo esse pioneirismo, desenvolver o sistema de monitoramento em prefeituras, em maior escala, é também inovador e pioneiro. Quero saudar os prefeitos por essa iniciativa, e dizer que para nós, é uma grande alegria, pois vemos que essa cultura está rendendo frutos. A tomada de decisão baseada em evidências ajuda a melhorar a qualidade das decisões e o uso dos recursos públicos”, destacou.
Gabriela Lacerda, vice-diretora do FGV Clear, acrescentou que ao criar um sistema de avaliação, significa, para os governos, mudar a mentalidade e a forma como as políticas públicas são formuladas.
“Antes da gente começar o trabalho, vamos entender o contexto de cada local, as práticas existentes na prefeitura, as capacidades existentes. A gente percorre um caminho até desenhar como vai ser o sistema de monitoramento e avaliação, e o engajamento de vocês é fundamental”, pontuou.
Segundo ela, na primeira etapa do trabalho, em agosto, a equipe da FGV fará visitas institucionais para um diagnóstico, para entender a arquitetura institucional e mapear as práticas do município, e ouvir da gestão sobre como esperam que o sistema se some a outras iniciativas de planejamento, orçamento e planejamento, para a avaliação estar integrada a outros macroprocessos.
Depois, ocorrerá efetivamente o processo de construção do sistema, de setembro a novembro, em que serão sistematizadas as informações, e realizados workshops para mostrar outras experiências pelo mundo, que façam sentido para o contexto local, construindo, assim, componentes do sistema de avaliação. Gabriela afirma que a equipe espera chegar em dezembro com o lançamento das políticas municipais de monitoramento e avaliação.
Participantes
Pelo município de Montanha, a prefeita Iracy Baltar e o secretário municipal de Administração e Planejamento, Leonardo Galvão de Oliveira, participaram da assinatura do termo. Baltar agradeceu a oportunidade de participar do projeto.
“Participei do curso de Gestão Pública com Base em Evidências e já me senti presenteada. Ao saber que Montanha foi selecionada para ser um dos municípios piloto, comemoramos muito. Será uma oportunidade única para aprimorar as nossas práticas de avaliação, e desenvolver capacidades e uso das avaliações”, declarou.
O prefeito de Anchieta, Leonardo Abrantes, esteve acompanhado de sua equipe técnica e ressaltou como o projeto poderá fortalecer as capacidades municipais.
“Acreditamos que essa equipe muito competente certamente trará experiências inovadoras para a gente, para que nós possamos levar ao cidadão políticas públicas monitoradas, para que o recurso público, que está cada vez mais escasso, seja de fato bem aplicado, e chegar a quem mais necessita. Seremos muito aplicados nesse momento de aprendizado, para inspirar também outros colegas prefeitos”, disse.
Pelo município da Serra, o prefeito Weverson Meireles, acompanhado do Controlador Geral do Município, Emiliano Coutinho Ricas, também agradeceu a oportunidade dada pelo tribunal.
“Isso chega em um momento especial para nós, na Serra, pois estamos implantando, junto com o Instituto Jones dos Santos Neves, um Observatório de Monitoramento e Acompanhamento das políticas públicas. São assuntos que estão dialogando, e outras instituições estão caminhando no mesmo sentido. Ficamos felizes por ver que o Tribunal de Contas tem uma escuta ativa e vai nos ouvir, dentro das nossas realidades. Estou honrado e vamos nos empenhar para que os outros 75 municípios também recebam um projeto robusto, aperfeiçoado”, afirmou.
O convênio
Em 2024, o TCE-ES firmou um convênio com a Fundação Getulio Vargas (FGV) com o objetivo de qualificar o monitoramento e a avaliação de políticas públicas municipais.
A partir deles, cinco produtos principais estão sendo desenvolvidos: a realização de um seminário estadual de monitoramento e avaliação de políticas públicas voltado para gestores e servidores públicos, que ocorreu em junho; a capacitação em Gestão Pública com Base em Evidência; o desenvolvimento de um sistema estruturado de monitoramento das políticas públicas municipais nas áreas de saúde, educação e assistência social; a assessoria em avaliação para auditores do TCE-ES; e agora, o auxílio aos municípios-piloto, para o desenvolvimento de políticas municipais de avaliação.
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