
O evento organizado em alusão ao Dia da Consciência Negra, realizado no Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), foi focado em música, poesia e no debate histórico-social. O encontro aconteceu na tarde desta segunda-feira (17), na sede da Corte de Contas capixaba.
Logo no início do evento, a atriz e escritora Suely Bispo apresentou o sarau “Viva Zumbi”, mostrando músicas e poesias focadas em Zumbi dos Palmares. Ela destacou que o 13 de maio, dia da abolição da escravatura, é uma data de luta, de protesto. “O 20 de novembro, data da morte do Zumbi, é a data máxima da negritude brasileira. É quando celebramos o protagonismo do povo preto na história do Brasil”, disse.
Com um tom muito mais poético, Suely afirmou que Zumbi não morreu. “Isso é unanimidade na música e poesia. Zumbi não morreu – ele é extemporâneo. Zumbi ainda vive e por muito tempo viverá. Como ele vai morrer se a resistência não pode acabar?”, declamou.
Na sequência, foram apresentados vídeos institucionais mostrando o trabalho do TCE-ES no combate ao racismo. O presidente do Tribunal, conselheiro Domingos Taufner, destacou em sua fala a importância do reconhecimento e valorização da cultura negra.
“O Tribunal tem ampliado suas ações para além do papel fiscalizador. E lutar pela igualdade racial não é dever de um único dia, mas uma tarefa contínua”, afirmou.
Censo
Durante o evento, também foram apresentados os resultados do Censo Étnico Racial feito com servidores do TCE-ES. Mais de 60% dos servidores da corte responderam aos questionamentos elaborados pela Comissão de Promoção de Equidade Racial e Combate ao Racismo.
O estudo mostrou que 34% dos servidores do tribunal são pretos, contrapondo à realidade do Espírito Santo, onde 61% da população é preta. Também foram apresentados desafios e oportunidades que estão sendo vivenciados no TCE-ES no que diz respeito à diversidade étnico-racial.
Palestra
Chegando ao final do encontro, a escritora e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Bárbara Carine fez sua palestra centrada da Consciência Crítica Racial. Ela falou sobre as diferentes formas de racismo – do recreativo ao institucional. E, ainda, falou do tripé que estruturou o racismo: científico, filosófico e religioso.
A palestrante destacou a presença de pessoas brancas nos espaços de poder, algo que é naturalizado desde a educação infantil. “Essa é a cosmovisão ocidental, essa visão educacional europeia. E o problema não é ter homem branco no espaço de poder. O problema é só ter homem branco nos espaços de poder”, pontuou.
No momento seguinte, ela deu exemplos científicos, filosóficos e religiosos usados para reforçar a ideia de desumanização do negro. Logo depois, citou diversos avanços da sociedade que foram originados na África.
“A medicina africana data de 4 mil anos antes de Cristo. Tem registros da confecção de cerâmica, metalurgia, geometria, matemática avançada… O Egito era negro. Os ancestrais africanos fizeram pirâmides porque tinham o conhecimento. O teorema que chamo de ‘triângulo retângulo’ veio da África. Ele não pode ser de Pitágoras se já existia antes mesmo do Pitágoras nascer”, afirmou.
Concluindo a palestra, Bárbara Carine lançou um olhar sobre o racismo no Brasil, racismo dissimulado, segundo ela. “O Projeto Genoma, de 2003, mostra que geneticamente brancos e pretos são muito parecidos – diferença de apenas 0,02%. Isso afasta o racismo biológico, mas mostra o racismo social. E esse é um mal que abala a saúde das pessoas”, destacou.
Ao final do encontro, foi aberto um momento para que os participantes fizessem perguntas à palestrante.
Participações
Além do presidente Domingos Taufner, também participaram do evento os conselheiros Luiz Carlos Ciciliotti, Davi Diniz, Sergio Aboudib, e o conselheiro substituto Donato Volkers Moutinho.
Também participaram a deputada estadual Camila Valadão, a vereadora de Vitória Karla Coser, secretário de Estado de Justiça Rafael Pacheco, além de representantes do Ministério Público e demais instituições.
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